terça-feira, 5 de setembro de 2017

Amizades geradas na Costa Nova

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Com este tempo outoniço, aproveitá-lo mesmo para limpezas de roupas e papelada. Nestas andanças veio-me à mão um texto de Isabel Maria C. Madail, que arengou, no final de uma apresentação no CVCN, minha e de Etelvina Almeida, Uma viagem p´la ria, em Agosto de 2014.
No final, a Isabel pediu a palavra… Que quereria ela dizer? Nada como dar-lha, para saber:
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Esplanada e embarcações lagunares, na Costa Nova
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Não posso deixar passar este momento sem intervir, prometendo ser breve
A Ana Maria e eu vivemos muito na Costa Nova e a Costa Nova, fomos amigas e às vezes inimigas (ela era endiabrada) toda a vida.
Os nossos familiares vinham para a Costa por Maio, aqui permanecendo até finais de Outubro. Se houvesse obras de vulto a fazer, viriam mais cedo, claro, e a estadia, então, prolongava-se. Daí o tratarmos por Tu esta terra onde nos sentíamos e sentimos bem, onde conhecíamos toda a gente, para onde fugimos para tentar curar as agruras que a vida também nos trouxe, continuando, até hoje, a fazê-lo.
Aqui, a Ana Maria era a «Aninhas» e eu, a «Inzabelinha».
Contudo, a Ana Maria, muito atrevida, decidiu nascer antes de mim, uns escassos três meses, o que lhe deu a vantagem de entrar na Escola um ano antes de mim, muito importante, e eu tive muita pena.
Como ela bem disse, andou cá na Escola na 1ª e 3ª classes, quando da construção da casa onde hoje vive.
Eu que nunca me conformei por ter nascido depois dela, entrei na Escola um ano mais tarde e, assim frequentei a 3ª classe na Costa Nova, enquanto a Ana Maria a tinha frequentado no ano anterior, fazendo exame da 3ª na Gafanha da Encarnação; para isso a travessou a ria, de barca, com a Professora e os colegas, tudo cheio de pompa e circunstância.
Contudo, só por causa do meu atraso em chegar a este mundo, quando, no ano seguinte, pensava que ia fazer exame à Gafanha com o resto da turma, fiquei desiludida: Foi o 1º ano em quês se fizeram exames na Costa – um ponto a favor da Ana Maria que foi de barca.
O centro do «mundo» – a Costa Nova
Claro que eu, ao longo dos tempos atravessei a ria com enterros, que eram também fluviais: o caixão e acompanhamento iam na barca, para a outra margem, mas, não sendo a viagem privativa, iam também outras pessoas, cujo único meio de transporte era aquele.
Mas, voltando à Ana Maria que na Costa Nova era Aninhas: um dia estávamos ao colo das nossas Mães e, sem quê nem para porquê, eis que ela se lembra de me dar uma valente bofetada
Quando fazia qualquer asneirita, como eu ou qualquer outra criança, o Capitão Pisco, seu Avô, de saudosa memória, dizia-lhe que eu é que ia passar a ser a neta  dele e aí aparecia ela, pior que estragada, como se eu tivesse culpa.
Mas éramos muito evoluídas: o Avô pagava uma barraca na Biarritz para nós nos vestirmos após o banho da ria. Muito fino… teríamos 7 /8 anos
Além de tudo, foi a Costa Nova que mais nos ligou: fazíamos campeonatos do jogo do prego, de ringue… Temos sido próximas desde sempre. Matriculámo-nos no mesmo curso, eu um ano depois, claro, por causa dos tais três meses…
A Ana Maria era mais azougada do que eu no que respeita ao mar: muito nadadora, muito despachada…
Perdoem o tempo que vos roubei, para vos contar como se formavam amizades nestes areais.
A nossa Costa, a Costa da nossa infância, onde passávamos meio ano, deixou-nos marcas profundas, que fazem com que, embora tendo visto muito lugares bonitos, continuemos apaixonadas por ela. E a Ana Maria fá-lo de forma mais notória, mais interveniente, e muito bem. Por isso a felicito!
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Pela beira da ria…1960
Não lhe posso perdoar que se tenha adiantado a mim, que nasci apenas três meses mais tarde, o que lhe dava um ar muito importante, já que andou sempre mais adiantada do que eu.
Isabel Maria C. Madaíl
CVCN, Agosto de 2014
AML
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